Hoje,dia 13 de Julho, termino o meu mandato de deputado ao Parlamento Europeu.
Tenciono continuar a minha actividade política, iniciada há várias décadas, da forma que as circunstâncias o exijam e as oportunidades permitam.
Ao vosso dispor,
Joel Hasse Ferreira
(joelhasse@iol.pt)
segunda-feira, julho 13, 2009
sábado, julho 04, 2009
Rede Europeia SOLIDAR
Joel Hasse Ferreira encontrou-se com Conny Reuters, presidente da organização social europeia SOLIDAR, tendo sido decidido desenvolver a sua colaboração mútua, envolvendo novas formas de actuação, tendo em conta a perspectivas de acção no terreno social da SOLIDAR no plano europeu e em diversos Estados-membros.
Joel Hasse Ferreira foi convidado a intervir nas últimas Conferências em cuja organização a Solidar participou, nomeadamente em Londres, Paris e Bruxelas. Nesta última cidade, Joel Hasse Ferreira co-presidiu aos trabalhos da 2ª parte da Conferência, onde se fez o ponto do trabalho e das perspectivas futuras das organizações sociais ligadas à SOLIDAR num número significativo de Estados-membros. Em Londres, a Conferência da SOLIDAR foi organizada em conjunto com a rede europeia "Terceiro Sector". Em Paris, a Câmara de Paris colaborou na organização da Conferência realizada pela SOLIDAR.
Joel Hasse Ferreira foi convidado a intervir nas últimas Conferências em cuja organização a Solidar participou, nomeadamente em Londres, Paris e Bruxelas. Nesta última cidade, Joel Hasse Ferreira co-presidiu aos trabalhos da 2ª parte da Conferência, onde se fez o ponto do trabalho e das perspectivas futuras das organizações sociais ligadas à SOLIDAR num número significativo de Estados-membros. Em Londres, a Conferência da SOLIDAR foi organizada em conjunto com a rede europeia "Terceiro Sector". Em Paris, a Câmara de Paris colaborou na organização da Conferência realizada pela SOLIDAR.
Carta enviada a Joel Hasse Ferreira
More than general interest in social services
Joel Hasse Ferreira in the European Parliament
The European Parliament mandate periode from 2004 – 2009 started with a heated debate on the Services Directive, nicknamed Bolkestein or even Frankenstein directive.
This proposal of January 2004, that the European Commission would have liked to push quietly through the leaving parliament before the June 2004 elections, mobilised huge resistance with trade unionists, social welfare groups and local and regional politicians.
Besides attempting to overrule the country of work and equal treatment principles of labour law, it also severely threatened the competences of (local, regional and national) authorities to organise public services, services of general (economic) interest: named SG(E)I in Eurospeak…
One of the great achievements of the socialist group in the new mandate periode from 2004 – 2009 was that we managed to completely revise the Service Directive and exempt the services of general interest and particularly the Social Services of General Interest (SSGI).
But excluding them was not enough.
We established a group of experts, lawyers and experts from a.o. European orgsanisations of local and regional authorities, to reinforce our longstanding demands for a Framework Directive on SG(E)I’s. This group produced a complete full fledged legislative text for such a Directive. The PES has pushed and promoted this proposal on many occasions, but the liberal/right wing Commission Barroso gave it deaf ears, and refused to embark on this proposal.
Joel Hasse Ferreira had more than a “general interest” in social services.
He promoted and built on the ideas of the general framework Directive to prepare an official position of the European Parliament on social services of general interest, SSGI.
The European Commission’s DG Employment and Social Affairs acknowledged that social services cannot just be dealt with as any internal market service sector. They require much more sophisticated non-market principles and quality standards than what is necessary in a simple provider – consumer relation.
Unfortunately also the strong and enduring appeals of Joel to improve the legal and factual situation for social services in Europe, did not lead to clearcut proposals and decisions from the Commission Barroso. For him the invisible hand of the market was more important than strengthening the social dimension of the European Union.
It’s time for a change in Europe. Both Hasse and me know that this is imperative. We will continue working for that, also outside the Parliament.
It was a pleasure to work together on these issues. I will look back with sweet memories to all the activities we organised on these issues, and particularly to the many early morning SGI breakfast meetings in Salon 1 or 2 of the European Parliament with our friends and allies.
Yours,
Ieke van den Burg
(EP member 1999-2009, PES NL)
Joel Hasse Ferreira in the European Parliament
The European Parliament mandate periode from 2004 – 2009 started with a heated debate on the Services Directive, nicknamed Bolkestein or even Frankenstein directive.
This proposal of January 2004, that the European Commission would have liked to push quietly through the leaving parliament before the June 2004 elections, mobilised huge resistance with trade unionists, social welfare groups and local and regional politicians.
Besides attempting to overrule the country of work and equal treatment principles of labour law, it also severely threatened the competences of (local, regional and national) authorities to organise public services, services of general (economic) interest: named SG(E)I in Eurospeak…
One of the great achievements of the socialist group in the new mandate periode from 2004 – 2009 was that we managed to completely revise the Service Directive and exempt the services of general interest and particularly the Social Services of General Interest (SSGI).
But excluding them was not enough.
We established a group of experts, lawyers and experts from a.o. European orgsanisations of local and regional authorities, to reinforce our longstanding demands for a Framework Directive on SG(E)I’s. This group produced a complete full fledged legislative text for such a Directive. The PES has pushed and promoted this proposal on many occasions, but the liberal/right wing Commission Barroso gave it deaf ears, and refused to embark on this proposal.
Joel Hasse Ferreira had more than a “general interest” in social services.
He promoted and built on the ideas of the general framework Directive to prepare an official position of the European Parliament on social services of general interest, SSGI.
The European Commission’s DG Employment and Social Affairs acknowledged that social services cannot just be dealt with as any internal market service sector. They require much more sophisticated non-market principles and quality standards than what is necessary in a simple provider – consumer relation.
Unfortunately also the strong and enduring appeals of Joel to improve the legal and factual situation for social services in Europe, did not lead to clearcut proposals and decisions from the Commission Barroso. For him the invisible hand of the market was more important than strengthening the social dimension of the European Union.
It’s time for a change in Europe. Both Hasse and me know that this is imperative. We will continue working for that, also outside the Parliament.
It was a pleasure to work together on these issues. I will look back with sweet memories to all the activities we organised on these issues, and particularly to the many early morning SGI breakfast meetings in Salon 1 or 2 of the European Parliament with our friends and allies.
Yours,
Ieke van den Burg
(EP member 1999-2009, PES NL)
domingo, junho 21, 2009
Entrevista de Joel Hasse Ferreira no Semanário
“O Governo tem de ouvir mais”
2009-06-19 12:41
Joel Hasse Ferreira, que integrou a lista do PS às eleições do Parlamento Europeu mas que não conseguiu ser eleito, reconheceu que os portugueses, com a sua votação, quiseram mostrar um "cartão amarelo ao Governo".
Joel Hasse Ferreira, Deputado do PS no Parlamento Europeu
Joel Hasse Ferreira, que integrou a lista do PS às eleições do Parlamento Europeu mas que não conseguiu ser eleito, reconheceu que os portugueses, com a sua votação, quiseram mostrar um "cartão amarelo ao Governo". Mas existiram mais problemas: "a questão da dupla candidatura, não soubemos explicar bem o imposto europeu nem como é que víamos a questão da reorganização do sistema financeiro e os casos fraudulentos...". Agora, sendo "tarde para mudar significativamente de políticas", "o Governo tem de ouvir mais", defendeu. O socialista falou ainda sobre Cavaco Silva, um homem "perigoso", que "está a tentar, sem se notar, ter uma certa intervenção na vida pública e política, caminhando para uma solução em que seja ele a governar".
Ficou desiludido por não ter sido reeleito para mais um mandato no Parlamento Europeu?
À partida, quando me convidaram para nono da lista - embora muitos elementos da direcção do partido preferissem que eu fosse mais acima - foi dito que era o último candidato elegível. Na altura havia um grande estudo internacional feito por uma grande empresa europeia que dava nove deputados para nós, oito para o PSD e depois dois, dois, um. Mas de facto fiquei um pouco surpreendido, não tanto pelo clima que via nas pessoas mas pelas sondagens. Porque, ao contrário do que diz o dr. Paulo Portas, as sondagens prejudicaram o PS e beneficiaram o CDS. Muita gente que é da área do PS, e que tem críticas ao partido, pensou "eles estão com quatro ou cinco pontos de avanço e está segura a vitória e nós podemos não ir votar, votar em branco ou votar numa lista pequena ou até no Bloco. Termos elegido só 7 deputados, para mim, foi uma onda de choque. Fiquei completamente estupefacto.
Como é que explica esse mau resultado?
Houve um tombo geral dos socialistas europeus. Em termos históricos, os partidos socialistas europeus perderam duas oportunidades de ouro. Em primeiro, a seguir à queda do muro de Berlim, não souberam explicar o que era o socialismo real. Que, no conflito entre o estalinismo e o socialismo democrático, havia quem, efectivamente, tinha tido razão. A segunda oportunidade acontece em 1998, quando, numa Europa a 15, os socialistas tinham 12 chefes de governo e ministros das finanças. E hoje, com a Internacional Socialista sem actividade, há um movimento na Europa inverso ao que há nos Estados Unidos. É a primeira vez que há uma administração americana mais progressista do que a Comissão Europeia.
E em termos nacionais, houve um cartão amarelo às políticas do Governo?
Houve. Durante a campanha ouvi vários factores de descontentamento, normalmente os mesmos. E, muitas vezes, até de pessoas afectas ao PS. Ouvi várias críticas. A questão da dupla candidatura, em que não soubemos passar a mensagem que era completamente legítima. Da Saúde, que só renasce quando as pessoas, médicos, enfermeiros, estão conscientes que o antigo ministro integra as listas. Não soubemos explicar suficientemente bem como é que víamos a questão da reorganização do sistema financeiro e os casos fraudulentos. Outra coisa que os portugueses não perceberam foi o imposto.
Não são demasiados erros para uma campanha que se afirmava tão profissional?
A campanha foi profissional, em termos de logística. Não são os profissionais que organizam a campanha, que tratam os carros e da propaganda que têm culpa dos erros políticos.
Vital Moreira foi um mau candidato?
Não. Foi um candidato extremamente bem preparado. Uma pessoa absolutamente brilhante que conhece há vinte anos as questões europeias. Há questões tácticas e de formulação, como a maneira de transmitir a mensagem, de que forma e quando, que às vezes não passam tanto pela construção política. Na questão do imposto a mensagem não passou, as pessoas ficaram com a ideia: "o PS quer mais impostos".
Havia o mito de que o PS com José Sócrates era imbatível.
Esse mito foi criado pelo povo, pela comunicação social, talvez por alguns dos seus colaboradores... Mas nunca o vi com essa ideia. Aliás, durante toda a campanha vi José Sócrates extremamente concentrado e atento ao que se estava a passar. Se nós, que andamos mais no terreno, íamos recebendo alguns sinais negativos, acredito que ele também fosse recebendo algumas mensagens. Havia esse ideia que Sócrates era imbatível, quase todos os comentadores o diziam, mas eu nunca menosprezei Manuela Ferreira Leite, uma pessoa com capacidades políticas e que será uma desgraça para o País se for eleita primeira-ministra.
Depois desta derrota o PS poderá ser afectado por alguma instabilidade interna? Só havia Manuel Alegre que andava a falar sozinho...
Manuel Alegre assumiu uma posição de estar no PS mas... O sim, mas do Giscard d'Estaing ao de Gaulle. E ele percebeu que não poderia manter isso. É uma pessoa extremamente intuitiva. Alegre foi o primeiro homem, para além do meu pai, que me diz que Cavaco Silva é perigoso. Estávamos no Brasil e ele meteu-se num avião para vir cá quando o Cavaco emerge como grande figura em 1985. A Comissão Política do partido de segunda-feira ocorreu, talvez estranhamente para alguns, num tom extremamente elevado, com um espírito construtivo.
O Governo deve analisar os resultados e mudar de políticas?
É tarde para mudar significativamente de políticas. Podem haver pequenas inflexões e explicar melhor algumas medidas. Há um conjunto de grupos sociais que não têm os prejuízos que se pensam. Ainda agora acabei de ver dados que apontam para uma inflação negativa e os funcionários públicos vão ver a sua remuneração real a subir muito. O problema é passar as mensagens. Também é preciso ouvir mais, há coisas que não é lógico fazer-se. As pessoas estranharam se a estratégia global for muito alterada, mas afinar um conjunto de questões é perfeitamente possível. O que só é possível com um contacto efectivo com a população.
Ainda acredita na reedição da maioria absoluta por parte do PS ou esse cenário já assume contornos utópicos?
A minha fé não anda por esses domínios. Acho que a probabilidade diminuiu, até no tocante à imagem. Há pouco referiu que existia o mito que Sócrates era invencível. Em termos objectivos e comunicacionais essa imagem está ultrapassada.
Mas já não faz sentido Sócrates e dirigentes socialistas pedirem a maioria absoluta?
Podem pedir. Mas a probabilidade, neste momento, não é tão elevada. Daqui a um mês, não sei. Quem é que há dois meses pensava que havia um tipo chamado Paulo Rangel, que só os jornalistas e políticos é que conheciam, que iria ganhar as eleições europeias? Fez uma boa campanha mas com muitas contradições e demonstrando uma ignorância de grande parte dos dossiers europeus. O que significa que a performance comunicacional e política foi boa. Não escondo que a probabilidade de uma maioria absoluta é menor, mas não excluo essa hipótese.
Temos uma direita que parece dialogar com alguma facilidade e uma esquerda que não se consegue entender. Que soluções de governabilidade prevê?
Acho que o professor Cavaco Silva está a tentar, sem se notar, ter uma certa intervenção na vida pública e política, caminhando para uma solução em que seja ele a governar. Esta é uma posição pessoal.
Governos de iniciativa presidencial?
Não precisa. Isso é para gente que não tem a manha dele. Houve várias vezes coincidências no discurso de Manuela Ferreira Leite e do Presidente da República. Basta Cavaco Silva manifestar uma grande preocupação por um assunto e alguns dirigentes da direita vêm-se colar ao que diz. Cavaco Silva é uma pessoa extremamente intuitiva, tem uma boa formação económica. Não é impunemente que num país como o nosso se governa dez anos sem ser em ditadura. Na prática, desde a morte de Sá Carneiro, é o grande líder do centro-direita. Cavaco Silva diz o que quer, em linhas gerais e legíveis, através de grandes princípios, e depois espera que peguem no que disse. Ao mesmo tempo, vai tentando ter com o Governo um modus vivendi que, obviamente, vai tendo rupturas. Teve na área institucional, com o Estatuto dos Açores que Cavaco Silva sobrevalorizou. Na área social, embora o Presidente fale muito sobre o tema, não vejo grandes críticas.
Cavaco Silva falou recentemente sobre as grandes obras públicas...
Sobre os investimentos o Presidente da República tem sido muito prudente. As últimas frases de Cavaco Silva sobre os grandes investimentos têm várias leituras. É como o programa do MFA, tem sempre a leitura progressista, conservadora e a leitura assim-assim. Cavaco faz um discurso que está correcto, ao dizer que é preciso ter cuidado na forma de concretizar os investimentos públicos e é necessário fazer uma selecção. A partir daí, Manuela Ferreira Leite e Paulo Portas podem construir um discurso, o PS outro e até Jerónimo de Sousa pode lá ir buscar alguma coisa.
O Joel Hasse Ferreira vai voltar para o Parlamento nacional?
Estou a pensar moderadamente nisso. Tenho várias sugestões em cima da mesa. Houve algumas pessoas que me exprimiram o seu interesse em que eu voltasse à Assembleia da República. Mas não pensei ainda. Estou disponível, obviamente, para os combates políticos que sejam necessários. Vejo muito a política em função daquilo que é necessário fazer e onde poderei ser útil. O trabalho que fiz no Parlamento Europeu foi positivo, por vezes com algum desconhecimento por parte da comunicação social. E não havendo combates políticos, tenho uma vida nas empresas, nas universidades...
2009-06-19 12:41
Joel Hasse Ferreira, que integrou a lista do PS às eleições do Parlamento Europeu mas que não conseguiu ser eleito, reconheceu que os portugueses, com a sua votação, quiseram mostrar um "cartão amarelo ao Governo".
Joel Hasse Ferreira, Deputado do PS no Parlamento Europeu
Joel Hasse Ferreira, que integrou a lista do PS às eleições do Parlamento Europeu mas que não conseguiu ser eleito, reconheceu que os portugueses, com a sua votação, quiseram mostrar um "cartão amarelo ao Governo". Mas existiram mais problemas: "a questão da dupla candidatura, não soubemos explicar bem o imposto europeu nem como é que víamos a questão da reorganização do sistema financeiro e os casos fraudulentos...". Agora, sendo "tarde para mudar significativamente de políticas", "o Governo tem de ouvir mais", defendeu. O socialista falou ainda sobre Cavaco Silva, um homem "perigoso", que "está a tentar, sem se notar, ter uma certa intervenção na vida pública e política, caminhando para uma solução em que seja ele a governar".
Ficou desiludido por não ter sido reeleito para mais um mandato no Parlamento Europeu?
À partida, quando me convidaram para nono da lista - embora muitos elementos da direcção do partido preferissem que eu fosse mais acima - foi dito que era o último candidato elegível. Na altura havia um grande estudo internacional feito por uma grande empresa europeia que dava nove deputados para nós, oito para o PSD e depois dois, dois, um. Mas de facto fiquei um pouco surpreendido, não tanto pelo clima que via nas pessoas mas pelas sondagens. Porque, ao contrário do que diz o dr. Paulo Portas, as sondagens prejudicaram o PS e beneficiaram o CDS. Muita gente que é da área do PS, e que tem críticas ao partido, pensou "eles estão com quatro ou cinco pontos de avanço e está segura a vitória e nós podemos não ir votar, votar em branco ou votar numa lista pequena ou até no Bloco. Termos elegido só 7 deputados, para mim, foi uma onda de choque. Fiquei completamente estupefacto.
Como é que explica esse mau resultado?
Houve um tombo geral dos socialistas europeus. Em termos históricos, os partidos socialistas europeus perderam duas oportunidades de ouro. Em primeiro, a seguir à queda do muro de Berlim, não souberam explicar o que era o socialismo real. Que, no conflito entre o estalinismo e o socialismo democrático, havia quem, efectivamente, tinha tido razão. A segunda oportunidade acontece em 1998, quando, numa Europa a 15, os socialistas tinham 12 chefes de governo e ministros das finanças. E hoje, com a Internacional Socialista sem actividade, há um movimento na Europa inverso ao que há nos Estados Unidos. É a primeira vez que há uma administração americana mais progressista do que a Comissão Europeia.
E em termos nacionais, houve um cartão amarelo às políticas do Governo?
Houve. Durante a campanha ouvi vários factores de descontentamento, normalmente os mesmos. E, muitas vezes, até de pessoas afectas ao PS. Ouvi várias críticas. A questão da dupla candidatura, em que não soubemos passar a mensagem que era completamente legítima. Da Saúde, que só renasce quando as pessoas, médicos, enfermeiros, estão conscientes que o antigo ministro integra as listas. Não soubemos explicar suficientemente bem como é que víamos a questão da reorganização do sistema financeiro e os casos fraudulentos. Outra coisa que os portugueses não perceberam foi o imposto.
Não são demasiados erros para uma campanha que se afirmava tão profissional?
A campanha foi profissional, em termos de logística. Não são os profissionais que organizam a campanha, que tratam os carros e da propaganda que têm culpa dos erros políticos.
Vital Moreira foi um mau candidato?
Não. Foi um candidato extremamente bem preparado. Uma pessoa absolutamente brilhante que conhece há vinte anos as questões europeias. Há questões tácticas e de formulação, como a maneira de transmitir a mensagem, de que forma e quando, que às vezes não passam tanto pela construção política. Na questão do imposto a mensagem não passou, as pessoas ficaram com a ideia: "o PS quer mais impostos".
Havia o mito de que o PS com José Sócrates era imbatível.
Esse mito foi criado pelo povo, pela comunicação social, talvez por alguns dos seus colaboradores... Mas nunca o vi com essa ideia. Aliás, durante toda a campanha vi José Sócrates extremamente concentrado e atento ao que se estava a passar. Se nós, que andamos mais no terreno, íamos recebendo alguns sinais negativos, acredito que ele também fosse recebendo algumas mensagens. Havia esse ideia que Sócrates era imbatível, quase todos os comentadores o diziam, mas eu nunca menosprezei Manuela Ferreira Leite, uma pessoa com capacidades políticas e que será uma desgraça para o País se for eleita primeira-ministra.
Depois desta derrota o PS poderá ser afectado por alguma instabilidade interna? Só havia Manuel Alegre que andava a falar sozinho...
Manuel Alegre assumiu uma posição de estar no PS mas... O sim, mas do Giscard d'Estaing ao de Gaulle. E ele percebeu que não poderia manter isso. É uma pessoa extremamente intuitiva. Alegre foi o primeiro homem, para além do meu pai, que me diz que Cavaco Silva é perigoso. Estávamos no Brasil e ele meteu-se num avião para vir cá quando o Cavaco emerge como grande figura em 1985. A Comissão Política do partido de segunda-feira ocorreu, talvez estranhamente para alguns, num tom extremamente elevado, com um espírito construtivo.
O Governo deve analisar os resultados e mudar de políticas?
É tarde para mudar significativamente de políticas. Podem haver pequenas inflexões e explicar melhor algumas medidas. Há um conjunto de grupos sociais que não têm os prejuízos que se pensam. Ainda agora acabei de ver dados que apontam para uma inflação negativa e os funcionários públicos vão ver a sua remuneração real a subir muito. O problema é passar as mensagens. Também é preciso ouvir mais, há coisas que não é lógico fazer-se. As pessoas estranharam se a estratégia global for muito alterada, mas afinar um conjunto de questões é perfeitamente possível. O que só é possível com um contacto efectivo com a população.
Ainda acredita na reedição da maioria absoluta por parte do PS ou esse cenário já assume contornos utópicos?
A minha fé não anda por esses domínios. Acho que a probabilidade diminuiu, até no tocante à imagem. Há pouco referiu que existia o mito que Sócrates era invencível. Em termos objectivos e comunicacionais essa imagem está ultrapassada.
Mas já não faz sentido Sócrates e dirigentes socialistas pedirem a maioria absoluta?
Podem pedir. Mas a probabilidade, neste momento, não é tão elevada. Daqui a um mês, não sei. Quem é que há dois meses pensava que havia um tipo chamado Paulo Rangel, que só os jornalistas e políticos é que conheciam, que iria ganhar as eleições europeias? Fez uma boa campanha mas com muitas contradições e demonstrando uma ignorância de grande parte dos dossiers europeus. O que significa que a performance comunicacional e política foi boa. Não escondo que a probabilidade de uma maioria absoluta é menor, mas não excluo essa hipótese.
Temos uma direita que parece dialogar com alguma facilidade e uma esquerda que não se consegue entender. Que soluções de governabilidade prevê?
Acho que o professor Cavaco Silva está a tentar, sem se notar, ter uma certa intervenção na vida pública e política, caminhando para uma solução em que seja ele a governar. Esta é uma posição pessoal.
Governos de iniciativa presidencial?
Não precisa. Isso é para gente que não tem a manha dele. Houve várias vezes coincidências no discurso de Manuela Ferreira Leite e do Presidente da República. Basta Cavaco Silva manifestar uma grande preocupação por um assunto e alguns dirigentes da direita vêm-se colar ao que diz. Cavaco Silva é uma pessoa extremamente intuitiva, tem uma boa formação económica. Não é impunemente que num país como o nosso se governa dez anos sem ser em ditadura. Na prática, desde a morte de Sá Carneiro, é o grande líder do centro-direita. Cavaco Silva diz o que quer, em linhas gerais e legíveis, através de grandes princípios, e depois espera que peguem no que disse. Ao mesmo tempo, vai tentando ter com o Governo um modus vivendi que, obviamente, vai tendo rupturas. Teve na área institucional, com o Estatuto dos Açores que Cavaco Silva sobrevalorizou. Na área social, embora o Presidente fale muito sobre o tema, não vejo grandes críticas.
Cavaco Silva falou recentemente sobre as grandes obras públicas...
Sobre os investimentos o Presidente da República tem sido muito prudente. As últimas frases de Cavaco Silva sobre os grandes investimentos têm várias leituras. É como o programa do MFA, tem sempre a leitura progressista, conservadora e a leitura assim-assim. Cavaco faz um discurso que está correcto, ao dizer que é preciso ter cuidado na forma de concretizar os investimentos públicos e é necessário fazer uma selecção. A partir daí, Manuela Ferreira Leite e Paulo Portas podem construir um discurso, o PS outro e até Jerónimo de Sousa pode lá ir buscar alguma coisa.
O Joel Hasse Ferreira vai voltar para o Parlamento nacional?
Estou a pensar moderadamente nisso. Tenho várias sugestões em cima da mesa. Houve algumas pessoas que me exprimiram o seu interesse em que eu voltasse à Assembleia da República. Mas não pensei ainda. Estou disponível, obviamente, para os combates políticos que sejam necessários. Vejo muito a política em função daquilo que é necessário fazer e onde poderei ser útil. O trabalho que fiz no Parlamento Europeu foi positivo, por vezes com algum desconhecimento por parte da comunicação social. E não havendo combates políticos, tenho uma vida nas empresas, nas universidades...
quinta-feira, junho 18, 2009
Mudanças políticas na União
1. Os resultados das eleições europeias evidenciam mudanças globais no quadro da União.
Os verdes subiram significativamente, tal como as extremas-direitas, por razões diferentes e parcialmente opostas. Os verdes apresentaram, no contexto europeu, uma certa convergência estratégica e um suave posicionamento num centro-esquerda, ambientalista e social, efectivamente liderados pelo habilidoso Daniel Cohn Bendit, o qual não perdeu ainda a verve que fez dele Dany le Rouge, no gaulês Maio de 68. Em França, aliás, os verdes subiram a terceiro partido, aproximando-se do PS e ultrapassando os liberais de Bayrou. No plano europeu, os verdes aproximaram-se numericamente dos liberais - democratas.
2. À esquerda do PS, em Portugal, houve um claro acréscimo do apoio eleitoral, tendo o peso dos partidos considerados à esquerda do PS aumentado de 3 para 5 eurodeputados. A permeabilidade entre o eleitorado do Bloco e segmentos de eleitores socialistas evidenciou-se como significativa, confirmando o que nos últimos tempos se vinha observando nalguns distritos, estratos etários e sectores sociais. Uma mensagem muito pouco ideológica facilitou a transferência para o Bloco de votos oriundos da esquerda democrática, europeísta e modernizadora. Aliás, o próprio BE traçou uma visão quase idilicamente europeísta das suas posições, com alguns aspectos críticos, assumindo-se contra Barroso e o liberalismo. A subida eleitoral do Bloco contrasta aliás com a redução de eurodeputados do seu grupo europeu, no qual coabitam com o PCP. Esse Grupo sofreu uma redução global nos outros países da União proporcionalmente superior à diminuição de deputados nos hemiciclos de Estrasburgo e Bruxelas.
3. Verificou-se assim um certo recuo do grupo unitário de Esquerdas/Esquerda Verde Nórdica, o qual elegeu apenas 33 deputados entre os quais cinco portugueses, comparados com os 38 eleitos em 2004. A influência deste grupo passará a ser ainda menor do que já era. Isto sem prejuízo da capacidade de intervenção que se espera dos novos deputados do Bloco, desta vez no próprio plano legislativo.
4. Novos desafios se apresentaram aos socialistas europeus, a partir do Congresso do Porto de 2006, no qual participaram individualidades como Howard Dean, líder do Partido Democrático norte - americano, então na sua preparação para a vitória presidencial de 2008 e José Maria Neves, primeiro-ministro de Cabo Verde. O programa e o manifesto socialista para as eleições europeias foram preparados de uma forma extremamente aberta, com sessões públicas nos diferentes Estados membros da União. Aparentemente, era quase perfeito para os objectivos traçados. Mas o PSE veio a perder dezenas de deputados face ao grupo Parlamentar que ora termina o seu mandato
5. A crise do socialismo democrático europeu tem que ser vista, tendo em conta os resultados recentes das eleições europeias. E tem de se ter em conta também que o Partido Popular Europeu, em cujo grupo se integrarão PSD e CDS, perdeu deputados, numa proporção próxima da redução do número total de lugares no novo Parlamento Europeu. E poderão perder ainda mais, com a provável cisão liderada pelos conservadores britânicos.
6. Curiosamente, a grande progressão verificou-se à direita do Partido Popular Europeu. Para além de se manter a União da Europa das Nações, no grupo Independência e Democracia a componente britânica, o Partido da Independência do Reino Unido, passou a segunda força nas eleições britânicas, relegando não só os trabalhistas mas também os liberais para posições claramente subalternas. Entretanto, cresceu significativamente o número de deputados extremistas de direita no Parlamento Europeu.
7. Os efeitos políticos na Europa da União vão ser relevantes já no futuro próximo. O Parlamento Europeu, globalmente está mais à direita, com as inerentes consequências no plano das deliberações políticas, das resoluções sociais, das medidas para debelar a crise e para criar uma regulação financeira eficaz.
(Artigo de Joel Hasse Ferreira, publicado no Diário Económico em 16 de Junho de 2009)
Os verdes subiram significativamente, tal como as extremas-direitas, por razões diferentes e parcialmente opostas. Os verdes apresentaram, no contexto europeu, uma certa convergência estratégica e um suave posicionamento num centro-esquerda, ambientalista e social, efectivamente liderados pelo habilidoso Daniel Cohn Bendit, o qual não perdeu ainda a verve que fez dele Dany le Rouge, no gaulês Maio de 68. Em França, aliás, os verdes subiram a terceiro partido, aproximando-se do PS e ultrapassando os liberais de Bayrou. No plano europeu, os verdes aproximaram-se numericamente dos liberais - democratas.
2. À esquerda do PS, em Portugal, houve um claro acréscimo do apoio eleitoral, tendo o peso dos partidos considerados à esquerda do PS aumentado de 3 para 5 eurodeputados. A permeabilidade entre o eleitorado do Bloco e segmentos de eleitores socialistas evidenciou-se como significativa, confirmando o que nos últimos tempos se vinha observando nalguns distritos, estratos etários e sectores sociais. Uma mensagem muito pouco ideológica facilitou a transferência para o Bloco de votos oriundos da esquerda democrática, europeísta e modernizadora. Aliás, o próprio BE traçou uma visão quase idilicamente europeísta das suas posições, com alguns aspectos críticos, assumindo-se contra Barroso e o liberalismo. A subida eleitoral do Bloco contrasta aliás com a redução de eurodeputados do seu grupo europeu, no qual coabitam com o PCP. Esse Grupo sofreu uma redução global nos outros países da União proporcionalmente superior à diminuição de deputados nos hemiciclos de Estrasburgo e Bruxelas.
3. Verificou-se assim um certo recuo do grupo unitário de Esquerdas/Esquerda Verde Nórdica, o qual elegeu apenas 33 deputados entre os quais cinco portugueses, comparados com os 38 eleitos em 2004. A influência deste grupo passará a ser ainda menor do que já era. Isto sem prejuízo da capacidade de intervenção que se espera dos novos deputados do Bloco, desta vez no próprio plano legislativo.
4. Novos desafios se apresentaram aos socialistas europeus, a partir do Congresso do Porto de 2006, no qual participaram individualidades como Howard Dean, líder do Partido Democrático norte - americano, então na sua preparação para a vitória presidencial de 2008 e José Maria Neves, primeiro-ministro de Cabo Verde. O programa e o manifesto socialista para as eleições europeias foram preparados de uma forma extremamente aberta, com sessões públicas nos diferentes Estados membros da União. Aparentemente, era quase perfeito para os objectivos traçados. Mas o PSE veio a perder dezenas de deputados face ao grupo Parlamentar que ora termina o seu mandato
5. A crise do socialismo democrático europeu tem que ser vista, tendo em conta os resultados recentes das eleições europeias. E tem de se ter em conta também que o Partido Popular Europeu, em cujo grupo se integrarão PSD e CDS, perdeu deputados, numa proporção próxima da redução do número total de lugares no novo Parlamento Europeu. E poderão perder ainda mais, com a provável cisão liderada pelos conservadores britânicos.
6. Curiosamente, a grande progressão verificou-se à direita do Partido Popular Europeu. Para além de se manter a União da Europa das Nações, no grupo Independência e Democracia a componente britânica, o Partido da Independência do Reino Unido, passou a segunda força nas eleições britânicas, relegando não só os trabalhistas mas também os liberais para posições claramente subalternas. Entretanto, cresceu significativamente o número de deputados extremistas de direita no Parlamento Europeu.
7. Os efeitos políticos na Europa da União vão ser relevantes já no futuro próximo. O Parlamento Europeu, globalmente está mais à direita, com as inerentes consequências no plano das deliberações políticas, das resoluções sociais, das medidas para debelar a crise e para criar uma regulação financeira eficaz.
(Artigo de Joel Hasse Ferreira, publicado no Diário Económico em 16 de Junho de 2009)
Actividades de Joel Hasse Ferreira em Sesimbra
Joel Hasse Ferreira participou, em 14 de Junho, na distribuição de prémios aos jovens vencedores da Regata organizada pelo Clube Naval de Sesimbra, com participação de clubes náuticos de diversas regiões do Litoral, do Douro ao Algarve. Nesse evento, organizado na sede do Clube, situada no Porto de Sesimbra, distribuíram também prémios aos jovens vencedores os principais dirigentes do Clube e da Federação.
O Presidente da Câmara, Augusto Pólvora, eleito pela CDU, chegou com a cerimónia já terminada.
Joel Hasse Ferreira aproveitou a oportunidade para se actualizar sobre as questões ligadas ao desenvolvimento da actividade náutica em Sesimbra e na região e o papel que o Clube procurará, no futuro, ter nesse desenvolvimento.
O Presidente da Câmara, Augusto Pólvora, eleito pela CDU, chegou com a cerimónia já terminada.
Joel Hasse Ferreira aproveitou a oportunidade para se actualizar sobre as questões ligadas ao desenvolvimento da actividade náutica em Sesimbra e na região e o papel que o Clube procurará, no futuro, ter nesse desenvolvimento.
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